Espiritos Superiores
Eles englobam fenômenos magnéticos ainda misteriosos, como os milagres.
Há também atos grandiosos de renúncia e coragem, de abnegação e disciplina.
Muitas vezes o homem, ao refletir sobre eles, anela realizá-los, por sua vez.
Pensa nessas almas iluminadas e deseja partilhar-lhes o banquete de luz.
Entretanto, a imensa maioria dos Espíritos vinculados à Terra constitui-se de consciências endividadas.
A angelitude persiste como uma meta um tanto distante.
Apesar disso, é possível começar, desde logo, a escalada em direção aos planos superiores da existência.
Não lhe é viável, hoje, sustar o curso de uma tempestade com o mero erguer de suas mãos.
Contudo, possui meios de asserenar a dor dos companheiros em sofrimento.
Não lhe é possível, de um momento para o outro, transmitir ao mundo mensagens de supremas e confortadoras revelações.
No entanto, com reduzido esforço, pode acender a luz do alfabeto em muitos cérebros que tateiam na noite da ignorância.
Não possui meios para, como fez o Cristo no Tabor, materializar seres sublimes da Espiritualidade Excelsa.
Todavia, nada o impede de tornar realidade um caldo reconfortante para os doentes abandonados que esmorecem de fome.
Na atualidade, resultaria infrutífero qualquer empreendimento de sua parte para limpar alguém coberto de chagas, pronunciando simples ordem verbal.
Mas pode alimentar a esperança e lavar as feridas de seu irmão.
Talvez ainda não consiga sorrir com serenidade para quem o esbofeteia, como fazia Gandhi.
Mas seguramente pode relevar quando um colega de trabalho fala algo ríspido.
É bom e saudável refletir nos Mensageiros Divinos, respeitar-lhes a missão e admirar-lhes a grandeza.
Também é conveniente pedir-lhes apoio nas dificuldades da jornada terrestre.
Mas não se afigura sensato tentar obter de improviso as responsabilidades que lhes pesam nos ombros.
Assim, não reclame para seus braços ainda frágeis o serviço próprio de um gigante.
Antes de pretender ser sublime, trate de ser honrado e solidário.
Cuide principalmente de cumprir os singelos deveres que lhe competem.
Para isso, não se diga cansado, nem se proclame inútil.
Reflita que um mísero verme, muito distante de seu pensamento, é um servo esquecido que aduba a terra.
Da terra adubada é que surge o pão, que lhe sustenta a vida e possibilita o s
A mais pura moral e a mais sublime, segundo os Espíritos Superiores, é a moral evangélica, a moral ensinada e exemplificada por Jesus, moral essa que deverá renovar o mundo, aproximar os homens, torná-los irmãos e, por fim, fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, estabelecendo entre todas as criaturas um clima de solidariedade que transformará a Terra e fará dela morada para Espíritos superiores aos que hoje a habitam.
Quem diz isso não somos nós, mas um Espírito que preferiu designar-se tão-somente “Um Espírito Israelita”, conforme mensagem transmitida em Mulhouse (França), no ano de 1861, transcrita por Kardec no cap. I, item 9, d´O Evangelho Segundo o Espiritismo.
A propósito de suas sábias palavras, surge, porém, a seguinte questão: Por que ele se reportou à moral evangélica, contida nos ensinamentos de Jesus, e não à moral ensinada pela Doutrina Espírita?
A resposta a tal pergunta é-nos dada pelo próprio Codificador do Espiritismo. “A moral dos Espíritos Superiores – diz Kardec – se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam, ou seja, fazer o bem e não o mal.”
O que acima foi exposto é bastante claro para demonstrar que o Espiritismo, contrariamente ao que dizem seus adversários, coloca-se no mundo como um aliado, não como inimigo, do verdadeiro sentimento cristão. “É o bem que assegura o nosso futuro”, ensinam os imortais. É a caridade que renovará a face do mundo. É o amor na sua expressão mais pura que fará com que se edifique na Terra o Reino de Deus a que Jesus se referiu e com o qual todos sonhamos.
Em face disso, não se compreende como algumas pessoas, mesmo no meio espírita, mostrem nas suas atitudes a mesma postura farisaica dos seguidores de Hillel, o doutor judeu que se tornou líder dos fariseus. O Espiritismo não pode ser, sob pena de fracassar, instrumento de dominação e poder, mas, ao contrário, deve ser sempre a voz que nos lembre, de contínuo, as lições de Jesus, os exemplos de Jesus, a obra e a vida de Jesus.
Existem, sem qualquer dúvida, criaturas que julgam que o Espiritismo é uma espécie de balcão de favores onde poderemos encontrar, quando a dor aparece, o analgésico que alivie ou o remédio que cure. É assim que muitos vêem o recurso do passe magnético, o auxílio dos tratamentos espirituais ou as curas obtidas pela intervenção dos Benfeitores espirituais, esquecidos de que a terapia espírita somente produz resultado quando a criatura assume os deveres que ela mesma contraiu perante a vida.
Aquele que cumprisse com fervor a máxima do amor ao próximo e procurasse, cada dia, modificar-se para melhor, não necessitaria de passes magnéticos, nem de tratamentos espirituais, nem de médiuns curadores, porque a saúde moral o acompanharia sempre, imunizando-o contra esses distúrbios que acometem com frequência o ser humano.
Foi certamente por isso que Kardec, em se reportando ao código moral revelado por Jesus, escreveu: “Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura”
eu agir no mundo.
Toda ocupação útil, por simples que se apresente, possui valor.
O relevante é bem desempenhar a própria tarefa.
Ela constitui uma etapa necessária na elaboração do anjo de luz que você será um dia.
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